segunda-feira, 29 de março de 2010

Dead Fish - 26/03/10

Era uma vez uma banda desconhecida chamada Dead Fish que já tinha feito um show no estado do Rio de Janeiro em 2010, mas que ainda não tinha tocado na capital do estado no ano, o que quer dizer que os moradores da cidade não viam a banda na terra dos 3 Malandros desde novembro do ano anterior; um espaço de tempo curto na verdade. 4 meses não é tanto tempo assim e geralmente a frequência de um determinado show acaba ocasionando uma diminuição do público, mas se você prestou atenção, lembrará que eu estou falando de uma banda chamada Dead Fish.

Você, amigo leitor que acompanha o Dead Fish há algum tempo deve lembrar daquela fase em que a banda tomava pedrada de tudo quanto é lado por ter assinado com a Deckdisc. Era chamada de vendida, traidora, hipócrita, feia, boba, cara de melão, entre outras coisas. Por essa fase "obscura" sempre se teve o receio de que a banda fosse perder fãs, cair num fosso profundo, e etc. Mas a verdade é que depois de 6 anos os fatos acabam provando que o Dead Fish não mudou em nada, visto que se tivessem realmente nos traído, nada explicaria o fato da banda ter provavelmente os fãs mais fiéis do hardcore brasileiro.

A religiosidade dos fãs da banda impressiona. Sempre que os capixabas tocam na cidade o público comparece exatamente da mesma forma, em bom número, não importando quando e até mesmo quanto. Sem falar no aspecto familiar que os shows da banda têm por sempre contarem com a presença dos mesmos fiéis e numerosos fãs. O que, resumindo, quer dizer que eu não preciso dizer lá muita coisa sobre a presença de mais um bom público no show dessa sexta no Circo Voador.

A noite começou com o Gigante Animal (SP), mas como eu, infelizmente, tenho sido um péssimo "resenhista" acabei chegando atrasado mais uma vez e acabei não vendo a banda de abertura, já que estava em um outro show, na Rebel. E, sim, eu sei que você leitor deve estar pensando: "Porra! Quer resenhar, resenha direito!" Mas eu também sei que na verdade a maioria está aqui mesmo é pelo Dead Fish. Portanto vamos lá!

Por volta das 00h começava o que seria pra muitos (inclusive pra mim) o melhor show do Dead Fish no Rio de Janeiro dos últimos 5 anos no mínimo! Eu sei que essa frase aleatória no meio do texto acaba soando estranha; que eu deveria ter dado esse tipo de ênfase no inicio do texto, pois assim manda a cartilha. Mas é simples, amigo. É que assim como no texto, foi só no meio do show, também estranhamente, que percebi isso.

Ainda é estranho, né? Então lê de novo: O Dead Fish fez na última sexta-feira, no Rio de Janeiro, o melhor show dos últimos 5 anos no mínimo!


Autonomia abriu a set list do que pode ser considerado a definição correta de um show de hardcore: Respeito, amizade, paz, cooperatividade, diversão e tudo de bom à que se tem direito. Depois de anos dessa religiosidade nos shows do Dead Fish (8ª vez que escrevo o nome da banda) um show sem brigas, sem fraturas, com pouquíssimos stage divings com os pés pra baixo, com pouquíssimas macaquices no palco - lembrando que desde que a banda queira a pessoa em cima do palco por mais tempo que o normal de um stage está tudo bem em se estender lá em cima, como foi o caso de Descartáveis em que uma adorável senhorita mandou seu recado (que ninguém entendeu, tadinha).

O destaque do, mais do que nunca, memorável show deveria ter sido o fato de terem tocado músicas como Molotov, Modificar, Fora do Mapa, Um Homem Só e Iceberg que raramente são tocadas, e quando eu falo deveria, é porque deveria mesmo! Lembrar que o que aconteceu enquanto tocavam essas músicas acabou virando um detalhe quando comparado com o momento quase unânime (unanimidade é burra) do Circle Pit em Sonho Médio deixa qualquer um com certeza de que o show não foi qualquer coisa.

Dessa vez, não tenho histórias de pessoas que roubaram protetores auriculares, que tomaram cuecão, que quebraram a perna, que tiraram foto com alguém em cima do palco no meio do show, nem nada. Apenas fraturas felizes, finalmente! A única infelicidade foi o doloroso fim do show, que ao som de Venceremos trouxe também consigo a alegria de saber que tudo acabou bem, depois de tanto tempo.

E não sai da minha cabeça a voz de um amigo me perguntando algumas vezes: "Quando vai começar de verdade o show do Dead Fish?" de tão surpreendente que foi o show.

Mas a verdade é que esse sim foi um autêntico show do Dead Fish.



Abraços!