Frio e chuva em Copacabana: clima perfeito pra ficar em casa vendo Flamengo x Ceará, pra fazer um Fla-Flu com a patroa, ou - pra quem não tem mulher, torce pra outro time ou pra quem deixou pra fazer isso em outros horários - um clima perfeito para encarar o frio e assistir ao show do Boom Boom Kid, que voltava ao Brasil pela n+1ª vez.
Dessa vez lançando seu último álbum, que se falasse atenderia pelo nome de Frisbee (2009), a banda veio tocar pela primeira vez na Rock'n Drinks; foi um show bem intimista; cerca de 50 guerreiros conseguiram vencer a batalha contra a coberta e saíram de casa para encarar uma chatíssima chuvinha de gripe com o objetivo de dar uma boa espiadona na apresentação do argentino mais amado do país (já que Doval não está mais entre nós); Nekro e seu Boom Boom Kid.
Nekro, com sua roupa de pai de santo e bigode de Tiririca, já começou a rodar sua baiana elétrica ao som de Automatic, que abriu o pedaço de noite mostrando que há uma grande possibilidade de ser verdade o boato de que ele caiu em uma caldeira de café quando criança, tamanha energia e disposição. Em seguida o set list - que contou com mais de 30 músicas (haja caneta) - mesclou em sua maioria músicas do Frisbee, por ser o álbum mais recente e portanto ainda não mostrado ao vivo por aqui, com os clássicos da banda. Lê-se "clássicos" como "músicas do Okey Dokey", que é o primeiro álbum do BBK, que fez de Nekro um eterno refém de sua própria obra.
É impossível falar do Kid Bumbum sem ligá-lo diretamente ao Okey Dokey e sem ter que repetir o termo "Okey Dokey" várias vezes. A grande maioria dos fãs conheceram o trabalho da banda ouvindo esse CD e a grande maioria acha os outros CD's mais "fracos". É uma espécie de consenso. Mas um lado realmente complicado da história é o do próprio Nekro. É lógico que o Nekro sabe que, se dependesse do público, ele tocaria o Okey Dokey e iria embora. É claro que ele percebe que quando a banda toca as músicas de seu primeiro disco a coisa funciona de um jeito diferente, do jeito que ele gosta, mas ele nunca admitiu de verdade ser tachado como um artista de um álbum só. Nunca se contentou em viver só de passado e nunca perdeu a gana de produzir novas músicas. Isso parece um detalhe bobo, mas é algo que ouço pouco e achei relevante expor aqui. Pois bem, de forma esporádica e crua, voltemos.
Uma coisa que percebi, foi que quando eram tocadas músicas de fora do Okey Dokey, Nekro tentava empolgar mais os fãs, como quem diz "Olha, eu tô empolgado! Tô balançando os dreads! Essa música não é do Okey Dokey mas é legal também, tá vendo?!" e quando a música fazia parte do álbum (que eu nem vou escrever o nome mais, porque já escrevi pra cacete) era o contrário: o público é que ficava muito mais empolgado que o Nekro. Chega a ser engraçado às vezes, mas não pense que é fácil a vida de quem faz um disco maravilhoso. A vida de monstro da música é muito complicada às vezes e esse é apenas um pequeno ônus pra quem tem o "bônus" de ter feito um disco tão bom na vida.
Bem ou bem, com ou sem Okey Dokey (porra, escrevi de novo, saco), o show continuou com BBK mostrando que não é famoso pela sua energia à toa. Aliás, nada que já não soubéssemos, mas mesmo assim espanta. Tirando e colocando sua cartolinha de Elwood Blues, rasgando sua camisa do Garage Fuzz, pulando que nem sapo pra lá e pra cá, descendo do palco, se jogando no chão, subindo no palco, surfando em cima da galera (!) ao som de Wasabi Song e etc. ele fez um showzaço, desses de assustar até macumbeiro na encruzilhada, mesmo com o público um pouco frio (sem trocadilho, por favor).
Não faltaram Jenny, I Dont Mind, Tomar Helado, My Smiling Fragile Heart, I do, Donde?, Dejame Ser Parte De Esa Locura, cantadas em uníssono, e uma boa quantidade de novas, como Frisbee, Bienvenido Al Club, Rapocappo (onde Nekro mais uma vez desceu do palco com sua bandana pra brincar com quem ainda tinha vergonha de se mexer), Sólo Mi Gatos Mi Comprenden, Pon Tu Corazón En La Música (onde Nekro deixa claro que pra ele o rock é algo muito mais extenso do que parece) e Where's My Pure Cotton Dad?, música do último clipe do argentino, gravado no Brasil (aqui). Mas como nada no mundo é perfeito, faltou a música que dá nome ao primeiro disco do cara, mas logicamente não faltou Brick By Brick, porque o Bombom Kid sabia que, caso não, ia ter churras argentino em Copacabana.
No fim, Feliz, pra coroar a noite com cartola de ouro. Aliás, na verdade, não foi bem exatamente Feliz a música que fechou a noite, foi a penúltima. Mas, sinceramente, sem querer dar desculpas, mas já dando, estava feliz demais pra lembrar, ou melhor, pra me importar com isso. E esse sentimento não pareceu só meu, já que todos também pareciam felizes demais pra se importar em lembrar da última música. Era até difícil lembrar do cobertor que havia ficado em casa. Mas, pra todos os fins, de uma forma ou de outra, o fim foi feliz como havia de ser! E ponto
Abraços.
Essa música não é do Okey Dokey mas é legal também, tá vendo?!" e quando a música fazia parte do álbum (que eu nem vou escrever o nome mais, porque já escrevi pra cacete) era o contrário: o público é que ficava muito mais empolgado que o Nekro
ResponderExcluiressa frase já resumiu tudo.
refém de sua própria obra.. é mas valeu muito apena ter ido curtir esse show..! to na espera agora por nitrominds e garage fuzz.
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