domingo, 16 de janeiro de 2011

Barneys - 15/01/11

Raros são aqueles que em nenhum momento pensaram em poder voltar no tempo. Sempre existem momentos em que essa vontade chega a ser incontrolável. Mas por mais que a ciência ainda não tenha encontrado meios pra isso, ainda é possível voltar de alguma forma, mantendo as rugas, seguindo pela estrada da Nostalgia; e foi isso que mais uma vez o Barneys proporcionou, em um belo sábado, aos presentes na Rock n' Drinks, em Copacabana.

A ideia era a de mais um show revival da banda; mais um déjà vu; mais um show pra reunir a nova geração com aqueles que sempre viam a banda nos 90's (na época em que Batman Eternamente era o filme em cartaz no cinema); em suma, aqueles que não perderiam a oportunidade de ver tocar, pela primeira vez na década, o quinteto carioca, que vinha com uma formação que levava, como em 2009, no Cinematheque, Melvin (Carbona) no baixo, já que Eduardo, baixista original, ainda está na Inglaterra.

E se houve algo de notável na noite, esse algo foi que era impossível, mesmo antes do show começar de fato, sentir que a atmosfera era diferente: se tapassem os olhos de todos com uma venda, provavelmente, só pelo “cheiro”, alguns apostariam que estavam em uma casa de shows nos anos 90 (se não tocassem nenhuma banda dos anos 2000, claro), tamanho o clima nostálgico, que podia ser reconhecido, de alguma forma, até pelos que não viveram essa época. Fato que, sem dúvida, vale um parágrafo em qualquer década.

Enfim, às 22h 00m, quando já se somava um público muito bom - e uma hora de atraso (nada de anormal) -, com os instrumentos já “ajeitados”, fez-se por algum motivo um minuto de silêncio ocasional e logo em seguida, direto, sem passagem som, sem medo de ser feliz, o Barneys abriu começou seu show com um bloco que levava consigo Whole Lot Better, seguida de Technoloman e Disillusions.

E se o show de 2009 com os Beach Lizards e o Carbona foi, de alguma forma uma reação química de catarse nostálgica, nesse a coisa foi mais amena. Bem mais amena. Era clara a felicidade do público, cantando de olhos fechados, talvez lembrando das coisas bacanas vividas na época em que o Flamengo era penta, mas a verdade é que o público estava bem mais “parado” do que no show de 1 ano antes. A impressão que se deu foi de que essa era apenas uma outra forma de resposta do público – mais recatada - onde os olhos de cada um pareciam mais como os de quando se vê um álbum de fotos: ali, mas em outro lugar ou em outro tempo, como numa autêntica Sessão Nostalgia - como, afinal, era o caso.

Nesse clima brando, o show continuou com Hiroshima Losing Her, Hell Of A Place, Boring Till Death, Opressed Feelings Manifest e com uma set list baseada na demo da banda que foi lançada em 95 (e que você pode baixar aqui); aliás, a única música da demo que não foi tocada foi Insane.

Mas o ponto alto do show foi, sem dúvida o acústico voz e violão de Fabrício. No meio do show a banda, “precisando” de uns goles de cerveja e um pouco de descanso, deixou o vocalista se resolver por lá com seu violão. Tocando – e cantando – Skycraper e Heaven Is Falling, do Bad Religion, em belíssimas versões acústicas, lembrando seus tempos de Fab Rivet e levando a plateia a um momento ainda mais sensorial, Fabrício deixou claro que apesar da idade e da barriga continua cantando pra cacete, dando um banho em muito moleque.

Na volta da banda, Surf Zombie, (instrumental onde se inverteram os papéis e deu-se para o Fabrício um tempo pra tomar uma “água”), seguida por SOS, One More Night e I Know com um público já um pouco mais solto, mas, num geral, ainda “parado”. Terminando a set com Fun & Games e Woodens Eye, a banda não resistiu e ainda voltou pra mais um bis de Whole Lot Better, dando fim à noite hardcórica mais nostálgica do ano com as mesmas notas que esta começou.

Apesar de público e banda um pouco recatados o tempo todo, o show não deixou de ser uma celebração. Não deixou de ser mais uma afirmação de que o Barneys não foi uma das bandas mais importantes do hardcore do Rio de Janeiro, mas que continua sendo. A única parte triste é pensar que bandas como o Barneys vão se tornando mais raras a cada dia; e aos mais novos só resta essa estranha e gostosa saudade do que não viveu. A parte boa é saber que enquanto resta alguma coisa, o espirito ainda vive.



Abraços!

6 comentários:

  1. VCs sabem que eu sou, cada dia, mais FÃ desse blog né? Excelente como sempre Alexx, na humildade máxima (no melhor estilo urublog!).
    Pra gente, os velhos da parada, esses shows são legais pra encontrar os amigos que, simplesmente, "sumiram" da cena e só aparecem nestas ocasiões.
    Abraço!

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  2. O espírito ainda vive, meu caro Alex. E viverá por mais algum tempo. Pelo menos até o lançamento do "album" de inéditas. Obrigado. Bruno M.

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  3. falou pouco mas falou bonito! keep rocking!

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  4. Foi só uma questão de fechar os olhos e voltar no tempo!

    Parabéns Allex, ficou du piru!!!

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  5. Poxa, pessoal, obrigadaço pela moral! Valeu mesmo!

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