domingo, 27 de junho de 2010

Mukeka Di Rato - 25/06/10

Nessa última sexta-feira, após o empate do Brasil com Portugal (jogo extremamente chato, diga-se de passagem), os apreciadores do bom rrrrrrock tiveram a oportunidade de curtir o show de uma das maiores bandas de hardcore do cenário brasileiro, o Mukeka di Rato, na festa A Grande Roubada. Desde abril do ano passado, quando tocaram com Vivisick e Fuck on the Beach, os capixabas não tocavam em terras cariocas; dessa vez, o Teatro Odisseia acolheu esse espetáculo maravilhoso da nossa música satânica. Algumas pessoas não esperavam muito desse show, visto que os últimos dois shows do Mukeka no RJ foram realmente fracos, no entanto, dessa vez eles vieram para compensar!

Às 22:30hs já se concentravam algumas pessoas em frente ao Teatro Odisseia, enquanto bebiam e conversavam, e meia hora depois já subia ao palco a primeira banda da noite: Plastic Fire. Já conhecidos da cena hardcore local, o 'Bad Brains Carioca' apresentou um set que misturava músicas do primeiro EP, chamado E.xistência P.arcial, com músicas que estão para sair no próximo CD. Ainda rolou aquele coverzinho básico da banda Noção de Nada (Bem Estar II), fazendo o pessoal agitar ainda mais, até o ponto de tomarem o microfone do vocalista, Reynaldo, para cantar (Ah, ok, confesso que eu estava nesse 'pessoal')!


Após aquele intervalo básico para cerveja, dancinhas e conversas, subia ao palco a banda Cara de Porco. Alguns olhavam e tentavam entender o porquê de no palco estarem metaleiros vestidos de caipiras (ou seriam caipiras vestidos de metaleiros?) e um saci de duas pernas dividindo os vocais com um dos 'caipiras do metal'. A banda tem uns 10 anos de estrada e mostrou que ainda sabe a fórmula para fazer um show animado abusando não somente das suas músicas cômicas e referências esdrúxulas como também de várias interpretações que acontecem durante o show. O maior exemplo disso foi um jovem fantasiado de Jesus Cristo, com uma cruz enorme, no meio do mosh com a galera, enquanto o Saci cantava 'eu atirei pedra na cruz, eu atirei pedra na cruz'. Aliás, das bandas de abertura, o show mais animado com certeza foi o do Cara de Porco! Desde o começo até o fim o povo estava lá moshando e pogando. Alguns cantavam e aos poucos quem falava 'nossa, que merda é essa?', já estava lá no meio da festa também. É como a própria banda diz: 'é ruim, mas todo mundo gosta!'.


Continuando o evento, os Cabrones Sarnentos começam o show já com uma porrada: 'O Dotadão Deve Morrer', da lendária banda Cascavelletes, que fez alguns poucos começarem a dançar e cantar. Disparando várias músicas com influências psychobilly e Black Flag (por que não?) acrescidos de um vocal rasgado, entreteram as poucas pessoas que ficaram para acompanhar e prestar atenção (o que não foi meu caso, admito) nos 50 minutos de show.


Ansiosos pelo show do Mukeka, a cuecada acabou ficando mais ouriçada ainda quando Sweetie, modelo do site Suicide Girls (saiba o que são as Suicide Girls aqui), subiu ao palco e fez um strip super sensual, levando a galera à loucura! Podemos afirmar facilmente que a performance dela foi tema de vários sonhos molhados para a maioria dos jovens naquele recinto.

Enquanto alguns voltavam do banheiro lá estava o Mukeka di Rato no palco e, diferentemente da última vez, Sandro estava sóbrio! Somado a esse fator, podemos incluir o setlist impecável que passeava entre canções (canções sim!) do Pasqualin na Terra do Chupa-Cabra, Acabar com Você e o clássico, Gaiola, o que, com certeza, agradou bastante a galera das antigas. Músicas como 'Só Capeta Cuspindo Fogo' e 'Deturpação Divina' foram cantadas em uníssono, e com a mesma energia a juventude se espancava no meio do mosh, uma coisa extremamente linda de se ver!


Para se ter uma ideia, houve até oportunidade da galera pedir a música que queriam, e atendendo ao pedido de uma guria, eles tocaram 'Eu Como Merda' (que o Allex, dono desse bonito blog, diz não acreditar até agora que eles tocaram essa). Mas na verdade essa situação só se deu porque eles tocariam uma música nova que o Sandro chegou a anunciar, mas o Paulista não quis tocar. Ainda no clima da música anterior, eles tocaram 'Burzum Marley' para a galera dar aquela relaxada. Um dos pontos altos com certeza foi 'Homem-Borracha', onde várias pessoas ficaram super próximas ao palco cantando juntas com o Sandro. Para encerrar, mandaram 'Acabar com Você' e já emendaram com 'Música sem Mensagem'.

Alguns reclamaram que o show foi curto, que só tocaram 'Cachaça' do álbum 'Carne' e que deixaram alguns clássicos de fora, como 'Clube da Criança Junkie', mas em comparação aos shows anteriores, todos estavam de acordo de que esse havia sido o melhor em anos!

Após ver o Mukeka, a maior parte do povo foi embora, mas alguns bons roqueiros ainda ficaram para curtir o surf rock da banda capixaba Los Muertos Vivientes. Por não ser uma banda conhecida do público, foi bem infeliz a decisão de os colocarem para fechar o evento, pois assim muita gente deixou de conhecer o som dos caras e até de presenciar pela primeira vez uma banda em que todos os integrantes tocavam com máscaras de lucha libre (deixando qualquer Slipknot da vida morrendo de inveja)!


Agora é esperar a próxima passagem do Mukeka por aqui e torcer para que role um show de 40 minutos e, claro, que o Sandro esteja sóbrio novamente!

terça-feira, 8 de junho de 2010

A Wilhelm Scream - 06/06/10

Esse é provavelmente o texto mais legal e complicado de se escrever até hoje nesse blog. Simplesmente porque é muito difícil dizer algo que alguém ainda não saiba sobre o A Wilhelm Scream. Chega a ser repetitivo dizer sobre eles tudo o que você já ouviu e, por isso, juro que vou tentar não ser repetitivo nos adjetivos referentes à energia e vontade ou dizendo que os caras tem uma puta pressão de som, que são muito humildes e 'boas-praça', que se remexem tanto que parecem que incorporaram um encosto e coisas desse tipo; que já viraram praticamente sobrenome pros caras.

Pra isso, não preciso ficar pensando por minutos numa forma bem bonita de dizer que o show foi na Rock'n Drinks num domingo frio pra caralho em que a casa acabou - felizmente - surpreendendo os pessimistas tendo um público que, dizem as boas línguas, chegou até a dar lucros! Pra quem não sabe, o show do Rio de Janeiro foi o marraia... Digo, o último da turnê a ser fechado e havia um grande receio sobre o público presente por parte da casa. E quem é do Rio de Janeiro sabe muito bem o porquê.

E eu não poderia escrever esse texto hoje sem rasgar elogios ao que a Rock'n Drinks vem fazendo pela cena do Rio de Janeiro. A casa assumiu o risco de tomar preju pra cacete e vem acreditando na cena investindo pesado, diminuindo preço de cerveja e trazendo uma cacetada de bandas gringas como o Agent Orange, Samiam, Richie Ramone, Bambix e agora o A Wilhelm Scream. Eu sei que isso é uma espécie de rasgamento (não existe rasgação) de seda, mas é preciso que alguém exteriorize isso. Não me lembro de ter visto isso falado em quase nenhum lugar e acho importante pra cacete deixar claro a importância dessa galera ao investir no Rock, principalmente no Punk Rock e Hardcore, do Rio de Janeiro.

Dito isso, começa a parte em que você, que foi nos shows de Curitiba, Porto Alegre e São Paulo e que acabou com os merchans, sente aquele déjà vu, tendo em vista que você sabe exatamente tudo que aconteceu ou, pelo menos, lembra com muito carinho do momento em que os americanos mais simpáticos que já conheci subiram ao palco pra iniciar o show. E reparem bem quando digo "o show" e não "um show".

A banda subiu no palco mais baixo da turnê e começou o show com Me Vs Morissey..., e quem pensou que a banda ia estar sem energia, meio cansada e etc. se deu mal - ou melhor: bem! Segundo o próprio Nuno (vocal), eles comeram uma feijoada carregadona boa pra caramba que deu o maior gás (sem duplo sentido, por favor) pra eles fecharem a turnê com energia total.

Aliás, falar sobre a energia do AWS no palco é aquele tipo de coisa repetitiva da qual nunca se cansa de falar ou de ouvir. Não há novidade nenhuma em dizer que a presença dos caras é de colocar inveja em qualquer um. Eu posso ficar escrevendo pra caramba aqui e, ao menos que essas letrinhas comecem a pular, você não vai ter ideia do que é a energia desses putos ao vivo! Na boa? PUTA QUE PArééééEEUU! Só assim pra resumir.

Também não é de se imaginar outra coisa do público senão ser altamente eletrocutado pela energia dos caras. Não preciso nem de mais que 6 linhas pra dizer que em Copacabana não faltou mosh, stage dive, body surfin's animalescos e todos os etc's relativos à isso. Eu sei que é sempre assim em shows de hardcore, mas dessa dessa vez, sem dúvida, foi digno de um parágrafo - Juro!

E o show mais enérgico do ano continuou frenético com Skid Rock, When I Was Alive: Walden III, The Kids Can Eat A Bag Of Dicks e todas as canções (na ordem) que estão aqui na foto do valioso papiro musical dos caras, além das simpáticas tentativas de "falar el purtuguês" do Nuno que, pra quem não sabe, nasceu em Portugal mas não sabe falar quase nada em português; o que não quer dizer que ele não entenda a língua, claro. O cara entendeu perfeitamente quando alguém da plateia o chamou de filho de Chicholina (com outras palavras). Até porquê, a primeira coisa que a gente aprende das outras línguas são os palavrões, e com ele não seria diferente.

De qualquer forma, uma coisa que não está nessa foto do set list, que 'terminou' com The King Is Dead, é o encore que contou com William Blake Overdrive, insistentemente pedida pela galera, Famous Friends And Fashion Drunks e - de saideira - We Built This City... que proporcionou ao público ficar mais perto ainda do vocal da banda quando este desceu do palco pra cantar com a galera no teto-teto e pra coroar a música como momento de pico no fim do show ao fazer com que os mais românticos chorassem e sorrirem ao mesmo tempo.

Logicamente faltaram algumas músicas, já que o AWS é uma dessas bandas que tem o maravilhoso azar de ter muita música boa pra um show só, o que deixa na boca de todos nós um gostinho de quero mais que foi atiçado quando a banda saiu explanando para todos que vão voltar, provavelmente, no ano que vem.

No fim, não sobra muito o que dizer a não ser que agora, só agora, com as melhores dores no corpo possíveis, caiu a ficha do que eu presenciei nesse domingo. E por isso, aliás, esse humilde texto demorou pra sair.

O melhor show do ano? Só não é porque o ano ainda não acabou.



Abraços