quarta-feira, 27 de julho de 2011

Forfun - 23/07/11

Cerca de dois anos após o primeiro show da turnê do divisor de águas “Polisenso“, no Circo Voador, o Forfun voltou à lona mais cheirosa do Brasil para fazer o lançamento de seu mais recente álbum, o “Alegria Compartilhada , no último sábado, dia 23/07. Depois de dois anos de debates entre os fãs sobre a mudança no som da banda e suas consequências, o público presente na casa provou que contra fatos não há muito papo: lona lotada pra ver a banda. Adoraria, de verdade, ter contado, pra dizer aqui, quantos haviam por lá gritando o nome do Forfun, mas estava apertado demais para conseguir levantar o dedo.

Ao invés de uma tradicional banda de abertura, o excelente DJ Selecta Conecta foi o responsável por tirar a ansiedade da juventude, com um playlist que ia de Tom Jobim a Planet Hemp. Não que o cara fosse ruim, muitíssimo pelo contrário, como já disse, mas quando o moço parou de tocar, dando o sinal de que a banda estaria chegando, o frenesi do público foi tão grande que parecia inacreditável que pudessem gritar mais depois. Uma pessoa enganada. Quando subiram ao palco, aos gritos de “Puta que Pariu! É a melhor banda do Brasil”, Danilo (guitarra e voz), Nicolas (bateria), Rodrigo (baixo e voz), Vitor (teclados, samplers, escaleta – às vezes guitarra – e voz) e alguns músicos de apoio levantaram a pista à altura do palco.

Forfun no Circo Voador, 2011

E quem apostou no bolão do TMDQA! que a música que abriria o show do Forfun seria “Alegria Compartilhada“, pode sorrir, acertou! Só duvido que consigas sorrir mais bonito do que quem estava lá. “Quem Vai, Vai”, tocada na sequência deixou claro, ao menos pra mim, alguém que não é tão velho, mas que viu alguns bons shows por aí, uma coisa: o Forfun está enorme – se houvesse um bueiro lá, explodiria.

Gruvi Quântico“, “Panorama“, “A Garça“, “Descendo o Rio“, “Dissolver e Recompor“, “Sol ou Chuva“… O show foi feito com base no “Alegria Compartilhada”, como era esperado. “Hidropônica” e “Good Trip” foram as únicas do “Teoria Dinâmica Gastativa” a serem tocadas plugadas; as únicas que fizeram o Pi… O Vitor sair do sampler e pegar a guitarra. Claro, o mosh das antigas rolou e, devido ao calor, as últimas camisas masculinas, inclusive a do Vitor, foram tiradas – pra delírio das meninas que escrevem o nome dele dentro de um coração na última folha do caderno.

Quando a “Alma Transborda” e “Eremita Moderno” foram seguidas pelo cover da belíssima “Imunização Racional (Que Beleza)“, da fase “Racional” do saudoso Sebastião Rodrigues Maia (Tim Maia), que deixou claro, pra quem ainda tinha dúvidas, as influências do eterno síndico do Brasil na nem tão nova fase da banda. Em seguida, algumas palavras: Nicolas com um discurso estrategicamente planejado e decorado há meses, com base na obra de Ramana Maharishi, sobre a aniquilação do conceito de ego; e Vitor dedicando a próxima música, “Minha Joia“, à sua moça.

Forfun no Circo Voador, 2011, TMDQA!

O destino ainda havia guardado momentos marcantes para a noite. Em “Morada“, algo lindo: todos foram se sentando espontaneamente, aos poucos, como que pra sentir a vibração da música direto da terra abençoada da Lapa; sentir uma liberdade descompromissada incomum em 99% dos shows. Algo talvez inédito até no Circo Voador. Emocionante, histórico e impalavrável. Não me impressionaria se em algum lugar do mundo fosse crime tentar descrever momentos como esse. Há coisas que não têm explicação, como batom na cueca.

Para quem ainda sentia falta das “antigas” canções na set list, um bloco com “Constelação Karina“, “Vou em Frente“, “Costa Verde” e “História de Verão“. Todas tocadas por Vitor e Danilo com guitarra clean e voz leve e com forte coro do público. Mas ainda não foi o bastante para impedir que, depois de que fossem tocadas “Viajante” e “Dia do Alívio“, o público cantasse em forte coro, sem ninguém mandar, a “velha” “Minha Formatura“, deixando, de fato, a banda surpresa – talvez até arrepiada. Quem poderia esperar?

Chegando às quase imperceptíveis duas horas de show, com o público ainda feliz, mas mais cansado, o Grupo contou com a ilustre participação de Black Alien, que saiu do disco e apareceu no palco do Circo para cantar com boca, língua, dente, corpo e alma em “Cosmic Jesus“. Um bis de “Minha Joia” e a linda “Pra Sempre” finalizaram a noite, já madrugada, de uma forma tão sublime que não pediram bis. Era a dose certa da melhor droga: a música.

Forfun no Circo Voador, 2011

O Forfun tem uma característica de que gosto muito: trata bem os fãs, são humildes. E que continuem assim, pois há pessoas que choram como se tivessem terminado com o namorado quando tocam Cigarras e que os amam de verdade. Durante todo o show, o público não se cansava de gritar, entre uma música e outra, o grito que dizia que o Forfun era a melhor banda do Brasil. Os caras foram humildes, sinceros, falando que não, que não era bem assim, que, né… Menos… Citaram outras bandas do Brasil, como o Los Hermanos, o Dead Fish... O Limp Bizkit, mas, vai discordar do público…


Abraços.



(Texto escrito inicialmente para o Tenho Mais Discos Que Amigos!)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

D.R.I. - 14/04/11

Mais de uma década após a sua última (e primeira) vinda ao Brasil, um dos precurssores do crossover, o D.R.I., chegou ao Rio para contemplar a juventude roqueira carioca mais uma vez com seu legado que vem sendo construído há quase 30 anos. O Teatro Odisseia reuniu os jovens e aqueles não tão jovens assim e tornou o que normalmente seria uma quinta-feira monótona, numa aula de crossover com quem realmente entende da parada, pois além do hardcore da favela do Halé, o Uzômi e o DFC também deram o ar da graça no evento.

O Halé começava e a casa já estava repleta de thrashers, headbangers e hardcores. Alguns, inclusive, já moshavam ao som de canções que já são mais do que conhecidas pelo pessoal do underground, como 'Arroz, Feijão e Ovo', 'Ela Tem Aids' e 'Escolinha do Professor Girafales', mas também houve espaço para músicas novas que entrarão no próximo cd. Foi aquele típico show que o Halé sabe fazer: divertido e bem humorado, que acaba te dando vontade de participar. Destaque para o trenzinho bolado do funk!



Após o clássico intervalo para uma cerveja, conversa e compra de merchan, o Uzômi subiu ao palco e deixou este que vos fala de cara! Mesmo a banda já tendo bastante tempo de existência, ainda não havia visto um show e tenho que dizer que realmente fiquei impressionado. Uma porrada atrás de outra com aquela rapidez e palhetadas thrash que fazem você morder os lábios, fechar um olho e bater cabeça. Ah claro, não vamos esquecer do dedinho pra cima balançando! A gig foi tão digna que rolou até cover do Extreme Noise Terror, em homenagem ao vocalista Phil Vane que recentemente faleceu. Se você procura crossover de qualidade aqui no Rio, fica a dica.



Apesar da noite ser do D.R.I., o DFC também era esperado por muita gente. Desde o último show dos infernos na Audio Rebel que deixou as paredes suando, o DFC não pisava em terras cariocas. Como já era de se esperar, desferiram várias porradas como 'Vou Chutar a sua Cara', 'Lucro é o Fim', 'Possuído pelo Cão' e algumas músicas que você provavelmente sabe cantar, mesmo que não goste da banda. Não sei se foi minha impressão, mas achei o show bem curto, o que é uma pena, já que o último deles por aqui também foi bem corrido. Sem contar que ainda rolou um stress de leve com a guitarra que parou algumas vezes entre as músicas. No fim das contas, a coisa sempre funciona e vale à pena, ainda mais quando encerram o show com a dobradinha 'Vai se Fuder no Inferno' + 'Molecada 666'.


Ultimamente tenho passado bastante pela experiência de me ver em um show e pensar 'cara, não acredito que estou vendo tal banda ao vivo', e com certeza foi assim quando vi os Dirty Rotten Imbeciles subindo ao palco. Não é todo dia que você tem oportunidade de ver uma banda desse calibre, ainda mais no Rio de Janeiro! Naquela expectativa enorme, os rapazes abrem o show com 'Beneath the Wheel' e já foi aquela explosão, com tudo acontecendo ao mesmo tempo! A juventude batendo cabeça, moshando e mandando stage dives. Lá da frente pude ver o setlist e por um momento me assustei porque tudo bem que as músicas do D.R.I. são pequenas, mas deviam ter mais de 40 no papel. Um presentão para qualquer fã!


Seguindo o embalo, largaram o aço com 'I'd Rather Be Sleeping', 'Couch Slouch', 'Fun and Games', 'Shut up!', 'They Don't Care', 'Acid Rain' e mais um monte que me fariam ficar escrevendo até amanhã!
O que me deixa feliz de comparecer em shows assim, é ver a felicidade dos caras ao tocarem, coisa que ficou explícita no rosto de cada um deles. Inclusive, pode ser tapa na cara de muitas outras bandas novas ver o quanto os caras estão velhos e ainda têm de pique para aguentar um show de quase 2hs, sem pedir arrego. De todos os integrantes, o mais carimático com certeza é o baixista, Harald Oimoen, que não se cansava de brincar e entreter a galera.


O show aparentemente terminaria, mas após aquele inevitável grito de encore (mais especificamente falando de 'Violent Pacification'), o D.R.I. voltou ao palco e soltou as últimas cinco músicas, fechando com a sequência 'Violent Pacification' + 'The Five Year Plan'.

Muitos saíram de lá totalmente quebrados e em algumas horas estariam indo para seus trabalhos ou escolas (o que também foi meu caso), mas certos de que fizeram parte de mais um momento da história do hardcore/crossover no Rio de Janeiro. Nesse caso, nós, os imbecis, sabíamos que era uma oportunidade que não aconteceria novamente, e chegar em casa sujos e podres não era consequência; era uma obrigação!

sábado, 12 de março de 2011

Reffer e Merda - 07/03/11

Esse é um dos textos em que o mais difícil é começar, assim como era dificílimo imaginar que nós, amantes do melódico e gostoso hardcore dos 90's, um dia pudéssemos ter a honra de ver o Reffer - e o Merda (que só grava) - tocando no Rio da Janeiro depois de todo um tempo em que só se pôde ficar ouvindo as demos e o disco da banda e chorando de saudade, molhando o teclado do computador e as capinhas das demos.

Pra variar, quem organizou mais essa noite de hardcore foi o pessoal da Partifaria Produções, em mais uma edição d'A Grande Roubada. O local escolhido foi o brilhante Espaço Acústica, na Praça Tiradentes, e a data foi uma segunda de carnaval de tempo maluco, de chove-para, que rendeu, provavelmente, alguns resfriados (ou pelo menos um: o meu).

Às 23hs os blocos foram parando de "brincar o carnaval" (expressão de velho?) e o Rio e o mundo passaram a se voltar para a Sapucaí enquanto os local heros do Plastic Fire faziam a função de comissão de frente, abrindo alas; tocando e tirando a enorme ansiedade dos presentes para o que vinha depois.

Dos shows do PF que me lembro (e não foram poucos), foi a melhor apresentação na questão sonora. Tudo muito bem equalizado, regulado, no volume certo; todo mundo, inclusive o novo baixista, Madão, que entrou na banda após a saída do Puruca e já parece bem instalado, acertando praticamente tudo sem deixar de lado a presença de palco e a interação frenética com o público. Nesta última, o destaque de sempre vai pra Reynaldo, vocal, com seus já clássicos "merenguedengues".

Mesmo com uma set list mais focada no CD novo, A Última Cidade Livre, não faltaram as músicas de sempre, como Contra o Tempo, Há O Amanhã? e Negroativo Negativo, que até cachorro (o Neon) já sabe cantar. De uns tempos pra cá a banda vem amadurecendo escrotamente, provou que não estava lá por acaso tocando com o Reffer e fez um ótimo show.

Em seguida, depois de uns goles de cerveja e algum bate-papo com os amigos (os clichês não são clichês à toa, meu camarada), subia ao palco o Merda; o Conjunto de Musica Jovem Merda - por Mozine, guitarra e vocal da banda.

E agora a "resenha", que prefiro chamar hoje de "historinha de como foi o show", se divide em duas perspectivas:

A primeira é a de quem acha power violence é uma merda, já ouviu o Merda e acha a banda uma merda (sem medo de aliteração). Pra esse ponto de vista, o show foi absolutamente horroroso, uma bosta. Os caras cantam de zoeira, mal, só sabem gritar, não afinam a guitarra direito, não tocam direito querem que tudo se foda e pronto.

A segunda (que por acaso é a minha) é a de quem se amarra num power violence, que iria no show amarradão mesmo se só tocasse o Merda, acha que a graça do negócio é zuar meRmo e adora essa putaria toda do som do trio capixaba. Nesse ponto de vista o show foi exatamente o esperado: maneiraço pra quem gosta da banda, que pogava e cantava junto, e "curioso" pra quem nunca os tinha ouvido e/ou visto, que ficava olhando e dando risadinhas. Aliás, talvez isso defina bem como é uma boa parte dos shows do Merda, acho.

A maior parte da set (que você pode ver se clicar aqui e ver por si só que música você acha que faltou) era do Curtição de Jovens e do Carlos. E se o show teve pontos bem legais esses foram, sem dúvida, a participação de Manfrini, do bom e velho Andrézão, sabe qual a brincadeira que eu mais gosto? Claro Que Não, cantando Francisco e a execução de uma das mais belas versões daquela música daquela banda lá de Brasília que canta aquela música que fala que a gente mora no Brasil. Depois, tocaram mais algumas músicas que não estavam na set, depois tocaram uma música em merecida homenagem ao Maradona e acabou e pronto.

Quando o Merda foi-se embora o tempo parou, voltou. Confesso, sem medo de parecer besta, que me lembrou o saudoso Super-Homem dando voltas ao redor da terra no sentido contrário à rotação, fazendo com que o tempo voltasse; mas dessa vez ele estaria fazendo isso pra assistir a um show do Reffer. Digno, não?

O Reffer demorou a subir no palco: pareciam horas e contar não fazia diferença, mas depois de todo um tempo de "ajeitamento instrumentístico" e da inesperada Interference, tocada pelo DJ, a banda subiu ao palco - com uma formação que vinha com Phil, na guitarra e vocal, Ian, na outra guitarra, Paulista, no baixo, e Gaba Babalu, na bateria - e abriu sua set com uma belíssima Intro emendada a No Answer.

Sim, o Espaço Acústica sorriu, junto com todo mundo. A partir disso, qualquer palavra pode ser criminosa se usada pra falar sobre o show. Foi um show que levou nervos desconhecidos, inexistentes, à flor da pele. Um show que leva música a uma categoria acima da de ciência. Hi-Technology, Hidden Scars, Neutral, Conquest Your Dreams, 3 pontos, Lured, Shift... Não faltou nada (você pode, inclusive, ver a set aqui, se quiser, e ver que não estou mentindo).

E se havia alguma dúvida em relação à presença de palco, entrosamento e qualidade na execução das músicas da parte dos caras, quem esteve lá pôde comprovar que eles não esqueceram de como é tocar juntos, tamanha a perfeição de cada acorde. O público não parou um minuto; sabia que não podiam contar com outra oportunidade dessas, que era já um sonho se realizando. Teve stage, mosh, pessoas cantando em uníssono, chorando, quebrando o nariz, e, se uma palavra pode definir a noite essa palavra é intensidade.

Ponto alto? Water e ponto. Não precisa de explicação maior do que dizer que nela toda a intensidade foi multiplicada à potência que você quiser. No fim do show, Adrift, que trouxe consigo os agradecimentos de Phil a todos que participaram de alguma forma da história do Reffer no Rio de Janeiro. Adrift foi para os presentes a ultima chance de fazer o que quisesse num show do Reffer, de cantar alto de novo, mais uma vez e novamente. Isso tudo sem falar na alma lavada e da leveza que é poder dizer que conseguiu assistir um show do Reffer, sabendo que neste não faltou nada.

Alguns discordam que a música possa se comparar a um orgasmo. Mas não podem impedir que nós, fãs, viventes dela, hardcore ou não, experimentemos sensação parecida, de excitação extrema e alívio redentor, a cada nota feita em uma guitarra, a cada refrão. No meu caso, esse show do Reffer me proporcionou um prazer até orgasmático, com a duração quase imoral de uma hora.

Creio que não falo só por mim quando escrevo, aqui, "Muito obrigado pela noite, Reffer".



Abraços!

domingo, 16 de janeiro de 2011

Barneys - 15/01/11

Raros são aqueles que em nenhum momento pensaram em poder voltar no tempo. Sempre existem momentos em que essa vontade chega a ser incontrolável. Mas por mais que a ciência ainda não tenha encontrado meios pra isso, ainda é possível voltar de alguma forma, mantendo as rugas, seguindo pela estrada da Nostalgia; e foi isso que mais uma vez o Barneys proporcionou, em um belo sábado, aos presentes na Rock n' Drinks, em Copacabana.

A ideia era a de mais um show revival da banda; mais um déjà vu; mais um show pra reunir a nova geração com aqueles que sempre viam a banda nos 90's (na época em que Batman Eternamente era o filme em cartaz no cinema); em suma, aqueles que não perderiam a oportunidade de ver tocar, pela primeira vez na década, o quinteto carioca, que vinha com uma formação que levava, como em 2009, no Cinematheque, Melvin (Carbona) no baixo, já que Eduardo, baixista original, ainda está na Inglaterra.

E se houve algo de notável na noite, esse algo foi que era impossível, mesmo antes do show começar de fato, sentir que a atmosfera era diferente: se tapassem os olhos de todos com uma venda, provavelmente, só pelo “cheiro”, alguns apostariam que estavam em uma casa de shows nos anos 90 (se não tocassem nenhuma banda dos anos 2000, claro), tamanho o clima nostálgico, que podia ser reconhecido, de alguma forma, até pelos que não viveram essa época. Fato que, sem dúvida, vale um parágrafo em qualquer década.

Enfim, às 22h 00m, quando já se somava um público muito bom - e uma hora de atraso (nada de anormal) -, com os instrumentos já “ajeitados”, fez-se por algum motivo um minuto de silêncio ocasional e logo em seguida, direto, sem passagem som, sem medo de ser feliz, o Barneys abriu começou seu show com um bloco que levava consigo Whole Lot Better, seguida de Technoloman e Disillusions.

E se o show de 2009 com os Beach Lizards e o Carbona foi, de alguma forma uma reação química de catarse nostálgica, nesse a coisa foi mais amena. Bem mais amena. Era clara a felicidade do público, cantando de olhos fechados, talvez lembrando das coisas bacanas vividas na época em que o Flamengo era penta, mas a verdade é que o público estava bem mais “parado” do que no show de 1 ano antes. A impressão que se deu foi de que essa era apenas uma outra forma de resposta do público – mais recatada - onde os olhos de cada um pareciam mais como os de quando se vê um álbum de fotos: ali, mas em outro lugar ou em outro tempo, como numa autêntica Sessão Nostalgia - como, afinal, era o caso.

Nesse clima brando, o show continuou com Hiroshima Losing Her, Hell Of A Place, Boring Till Death, Opressed Feelings Manifest e com uma set list baseada na demo da banda que foi lançada em 95 (e que você pode baixar aqui); aliás, a única música da demo que não foi tocada foi Insane.

Mas o ponto alto do show foi, sem dúvida o acústico voz e violão de Fabrício. No meio do show a banda, “precisando” de uns goles de cerveja e um pouco de descanso, deixou o vocalista se resolver por lá com seu violão. Tocando – e cantando – Skycraper e Heaven Is Falling, do Bad Religion, em belíssimas versões acústicas, lembrando seus tempos de Fab Rivet e levando a plateia a um momento ainda mais sensorial, Fabrício deixou claro que apesar da idade e da barriga continua cantando pra cacete, dando um banho em muito moleque.

Na volta da banda, Surf Zombie, (instrumental onde se inverteram os papéis e deu-se para o Fabrício um tempo pra tomar uma “água”), seguida por SOS, One More Night e I Know com um público já um pouco mais solto, mas, num geral, ainda “parado”. Terminando a set com Fun & Games e Woodens Eye, a banda não resistiu e ainda voltou pra mais um bis de Whole Lot Better, dando fim à noite hardcórica mais nostálgica do ano com as mesmas notas que esta começou.

Apesar de público e banda um pouco recatados o tempo todo, o show não deixou de ser uma celebração. Não deixou de ser mais uma afirmação de que o Barneys não foi uma das bandas mais importantes do hardcore do Rio de Janeiro, mas que continua sendo. A única parte triste é pensar que bandas como o Barneys vão se tornando mais raras a cada dia; e aos mais novos só resta essa estranha e gostosa saudade do que não viveu. A parte boa é saber que enquanto resta alguma coisa, o espirito ainda vive.



Abraços!