terça-feira, 27 de julho de 2010

CHC Festival 3 - 24/07/10

Sabe aquele final de semana digno de filme dos anos 80? Tudo é curtição e em um momento o protagonista, com seu cabelo em formato de tigela e uma camisa do Smurfs diz: "esse é o melhor final de semana da minha vida!". Sobem os créditos e você vai pra casa pensando: "porra, bem que eu podia viver algo assim algum dia" (exceto pelo cabelo e a camisa do Smurfs, é claro).

Possivelmente passei por essa experiência nesses dois dias em que rolou o CHC (caralhão hardcore) na Audio Rebel. O festival reuniu diversas bandas da nova escola do hardcore melódico do nosso Brasil varonil, tornando inevitável aquela gostosa suruba de sotaques. Inicialmente tocariam cinco bandas no sábado e outras cinco no domingo, mas o End of Pipe (SC) não pode vir e o Halé, que tocaria no sábado, tocou no domingo.

A banda que deu início à festa foi o Medievaz (lê-se Mediêvaz. O tempo todo falei "Medieváz"), que devido ao bendito maldito álcool, acabei perdendo parte do show e o cover que os meninos fizeram de Wake the Dead do Comeback Kid. Mas ok, vamos lá.

Quando cheguei, a maior parte do pessoal já estava no clima, sentindo de verdade a energia do som e entendendo a proposta da banda. Tanto que a primeira coisa que ouvi de uns amigos foi "caralho, que banda foda!", e foi só questão de instantes para que a catarse acontecesse comigo.

Conforme eles tocavam as músicas de seu primeiro EP, chamado Ascensão (que você pode ouvir aqui), as letras, o som, o djembê e o quinteto em si fizeram todo o sentido e me fizeram sair dali com a ideia de que o Medievaz logicamente tem suas influências, mas também é uma banda que irá influenciar... E muito.

Ainda no pique, tivemos em seguida o Take off the Halter. Lembro que escrevi uma resenha sobre o show em que eles abriram para o No Fun at All e comentei que seria uma banda que com certeza você logo ouviria alguém falar sobre o som. O maior reflexo que tive disso foi durante o show no CHC, já que levando em consideração que era primeira vez que eles passavam pelo Rio, havia inúmeras pessoas cantando todas as músicas do EP "We Took off", lançado esse ano.

As rodas e stage dives não pararam em nenhum momento! Acho que foi o clímax para toda a galera da geração Belvedere/The Fullblast (ou ultra-fast-melodic-hardcore, se preferir). Aliás, a pedidos, o TOTH tocou Subhuman Nature, do Belvedere, que foi o catalizador para alguns, que ainda estavam parados, entrarem na brincadeira. E se ainda tinha gente tímida, eles tocaram Water e Hi-Technology do Reffer, levando toda galera órfã da banda ao delírio. Ainda houve espaço para mandarem cover de Bob emendado com Linoleum, ambas do NOFX, e a partir daí, você pode imaginar a proporção que a coisa tomou.

Agora era hora dos mineiros do D'Front, que também se apresentavam aqui pela primeira vez. O pessoal assistiu ao show timidamente. Alguns caindo no mosh uma vez ou outra, outros lá na frente cantando com a banda e outros com aquele velho balançar de cabeça enquanto marcavam o ritmo com os pés - talvez por estarem recuperando o fôlego pelo show anterior.

O D'Front não ficou devendo nada e mandou uma porrada atrás da outra com aquele "quê" de velocidade que todo mundo se amarra. Algumas músicas faziam parte da demo de 2008 e outras eu não conhecia, infelizmente.

Alguns já iam saindo da Audio Rebel quando viram Renato Russo (brinks) Pedrão, vocalista do Rótulo, subindo ao palco com a trupe. Desde que ouvi o CD "A Luta", estava muito curioso para ver como seria um show desses rapazes. E posso dizer que minhas expectativas foram superadas em 200%. Show do Rótulo é o tipo de show em que se você estivesse frente a frente com um espelho, seu reflexo apontaria o dedo para você e diria: "ô seu filho da puta, por que você não está lá no meio do povo?". O som te instiga a cantar mesmo não sabendo a letra, abraçar quem você não conhece e chorar sem saber o porquê.

E como o Allex escreverá sobre o segundo dia, vou deixar logo aqui a minha posição sobre o CHC.

De coração, agradeço à galera do Plastic Fire (em especial, o Daniel) por toda a correria e terem proporcionado à nós esse final de semana fudido, com algumas das melhores bandas do hardcore nacional. Se você, que está lendo, ainda acredita que não tem cena no Rio, é hora de rever seus conceitos. E eu penso no que o paizão Rômulo Costa Reynaldo me disse no final do show do Plastic Fire. Ele me abraçou todo suado e zoado (ui!) e disse: "é tudo nosso!". E a parada é essa mesmo. A cena é nossa e nós somos a cena.


E encerro com a música Circle Pit do Rótulo:

"Quando entrar por aquela porta
Esquecer os seus problemas,
ordens e meros planos.
Nada disso importa mais,
o que vale é viver!
Vamos cantar e gritar esta canção
com o punho fechado, alto,
abraçando o irmão."

6 comentários:

  1. Muito boa a resenha, sintetizou muito bem o que foi a noite. Por favor, continuem com essas resenhas!!! Abraços.

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  2. Sábado foi a fuder...

    "Nós somos a CENA"

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  3. booooa, garoooto!
    é disso que o meu povo gooosta!

    marenha

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  4. Porra, me arrepiei demais.
    Pra nós da Rótulo foi um dos melhores shows o do Audio Rebel, é muito gratificante saber que existem pessoas fazendo a cena acontecer.

    toda essa cena é nossa e somos nós que temos que construi-lá diariamente.

    Abraços e nos vemos logo
    Renato Russo, ou Pedrão

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  5. Porra, pagaypau pra resenha, muito bem redigida...passou o clima do show, e adorei conhecer aqui as bandas Take off the Halter e D'Front, excelentes bandas!!!!!!!Hardcore melódico só presta assim, se for pancada na caixa!

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